Prezados,
Continuo aqui a terceira e última parte da postagem, "Câmara do Comércio Homenageia"
Aí, em 1958 eu fui para São Paulo fui estudar, fazer o
colegial. Porque São Paulo e não Porto Alegre que seria o caminho natural? Em
São Paulo nós tínhamos parentes, tínhamos amigos, meu pai tinha um pequeno
comércio em sociedade com um primo e as compras para as lojas eram feitas em
São Paulo. Em Porto Alegre nós não tínhamos nada disso. Então, eu fui para São
Paulo, fui interno num colégio Marista por 1 ano e meio, o Arquidiocesano;
naquele tempo, os que me conhecem da época devem lembrar, eu tinha um pouco
mais de cabelos e um pouco menos de quilos, eu tinha uma cabeleira á la Elvis
Presley; acreditem se quiser, eu tinha uma cabeleira a la Elvis Presley...

Fui interno no Colégio Arquidiocesano de São Paulo, colégio
Marista, centenário, um grande colégio; tenho passagens marcantes no
Arquidiocesano, um aprendizado fantástico, não só de matemática, física e de
português, mas de tudo. No Arqui nós visitávamos museus, nos levavam a sessões
de teatro, visitávamos indústrias, eu vi pela primeira vez funcionar um
teletipo. Eu tinha 15 anos, vi um teletipo numa visita ao jornal; estava sendo
feito o Estadão de Domingo, que é um calhamaço famoso, né, não sei quantos
quilos de jornal, centenas de páginas e estava recebendo um teletipo de Nova
York, eu vi aquilo e aquilo para um guri de 15 anos é... fantástico!
Na época, através de uma academia literária que nós
tínhamos, tivemos um contato muito próximo, até de visita às residências, de
dois grandes nomes que foram o poeta Guilherme de Almeida e o filólogo
Francisco Silveira Bueno, autor de livros; alguns dos presentes devem ter
estudado pelos livros do Silveira Bueno. Através do Arquidiocesano nós tínhamos
esses contatos muito amplos.
São Paulo tinha então menos de 3 milhões de habitantes, eu
vi São Paulo crescer, era menor que o Rio de Janeiro; e o Rio Grande do Sul era
muito desconhecido, não existia a integração que a televisão trouxe hoje. Só
tinha um gaúcho lá no Arqui, que era de Pelotas, o Sérgio Soares Olivé Leite;
era o único gaúcho que tinha lá, o segundo fui eu.
Naquela época tinha, aos domingos, o que é hoje a feira da
Praça da República e hoje tantas outras feiras, ainda não existiam as feirinhas
– aos domingos começou na Praça da República a troca de selos e troca de moedas
dos colecionadores. Eu tinha coleção de selos na época, aliás, com muito
orgulho, mostrava para todo o mundo, levei para São Paulo, sabe o que? Um selo
centenário da Câmara de Comércio, eu tenho ainda esse selo, 1944, quando era o
seu centenário e que trás a fotografia desse prédio, eu mostrava isso em São
Paulo com todo o orgulho aos meus amigos “olha, eu sou daqui, olha esse selo”
... era um orgulho.
Um programa cultural muito bonito que tinha em São Paulo era
no Teatro Municipal, que era de graça e na época era muito importante ser de
graça. No Teatro Municipal aos domingos, “Concertos para a Juventude”, com o
maestro Armando Bellardi.
Então eu acho que de Curso Colegial chega, acho que já está
bom.
Aí chegou a faculdade, fiz vestibular para a Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, fui aprovado numa colocação boa, 48º em
270 que me permitia escolher qualquer curso. O xodó da época era elétrica e mecânica. Era 1960, 61 e estava se implantado
o setor automobilístico, o governo Juscelino tinha aquela explosão, mas eu
queria engenharia civil. Todo mundo estranhou, falou: Mas pô, você pode
escolher mecânica, mas eu queria realmente engenharia civil.

Veio a década de 60, quando eu fiz a faculdade; foi uma
década muito, muito agitada. Agitação política e para São Paulo uma agitação
cultural muito grande. Os que tem mais idade lembram de uma frase famosa do
Vinícius: “São Paulo é o túmulo do samba”. Pois bem, na década de 60, São Paulo
começou a despertar e passou a ser um centro cultural importante. Existem bares
em São Paulo, da época, que me marcaram, marcaram uma história e uma época. O
teatro de Arena, com importante atuação política, o João Sebastião Bar, o
Jogral; jogral era um bar fantástico, o dono era um compositor, o Luís Carlos
Paraná e frequentavam lá o Vanzolini, o Chico Buarque, Geraldo Vandré e eu
comecei a ir no Jogral levado pelas mãos de um rio-grandino, ele já morava em
São Paulo, com 9 anos a mais do que eu de
idade; além do meu pai, ele foi um segundo pai para mim, que é o Adib
Salomão. Então, com o Adib e a Juçara eu passei a frequentar o Jogral. Lá no
Jogral é que foi comemorada a vitória da Banda e da Disparada no festival da Record.
Bom, aí... eu concluí a faculdade, a Escola Politécnica,
entrei na carreira profissional. Ah! Eu tenho um negocinho interessante que eu
gostaria de falar, a sensação, aquela história, a primeira vez a gente nunca
esquece; eu tinha 16 anos e dava aulas particulares para ganhar um dinheirinho
a mais e gostava de lecionar; a mãe de um aluno a quem eu dava aulas em casa me
chamou de professor e de senhor, isso aí, para um guri de 16 anos, a primeira
vez que me chamaram de senhor e de professor, é um negócio que marca.
Bem, vamos voltar
para a minha profissão... me formei, engenharia civil, comecei a ter uma
carreira normal, e aí, um fato estranho: eu gostava, eu sempre gostei de
lecionar e fui bom aluno, sempre tirei boas notas, no colégio, na faculdade,
tinha facilidade para Matemática e Física e tudo indicava que eu iria para uma
carreira acadêmica, que iria defender teses, me tornar doutor, mestrado, etc.,
tudo indicava e eu acho que até iria gostar disso. A Cláudia disse um negócio
aí, que é absoluta verdade; A Cláudia disse que muitas vezes a carreira da
gente vem de circunstâncias, né? Ela encontrou alguém que disse: “você vai
fazer mestrado?”, nem sabia o que era e acabou fazendo. Então, a carreira da
gente acaba sendo dirigida meio por uma circunstância, por contingências.
(Exclusão 2)
Então, por essas contingências, eu segui uma carreira mais
de execução; eu realmente tenho um currículo muito pobre, extremamente pobre e
modesto em matéria acadêmica. Não tem nenhum título, nenhum doutorado... Na
área de execução ela se torna um pouco substanciosa; começou a crescer, a alçar
vôo para esse caminho na companhia do Metrô de São Paulo. Primeiro Metrô do
Brasil, era um negócio desconhecido, ninguém tinha muita ideia do que era, o
que seria o Metrô; e foi uma experiência fantástica. O Metrô foi uma escola de
tudo, uma escola de engenharia, uma escola de tecnologia, uma escola de
administração pública. Hoje, muitos quadros de administração pública
pertenceram à Companhia do Metrô de São Paulo, muitos quadros e foi uma escola
de relações humanas.
E eu ocupei posições importantes no Metrô; uma
característica do Metrô, é a de ser um trabalho de equipe. Então, quando eu
digo -a minha mãe não achava, minha mãe dizia, evidentemente, como toda mãe, “o
meu filho construiu o Metrô de São Paulo!” Mãe é MÃE!
Mas realmente, essa questão de equipe, no Metrô era muito
forte. Hoje, o ministro recém assumido, o Tápias, disse que fechou um acordo
com os demais ministros e com o presidente e as divergências seriam discutidas
internamente e não seriam levadas a público; e em público, todos teriam a mesma
posição. Isso a gente já fazia no Metrô da época. Eu, em posições de gerência e
de coordenador, muitas vezes tive que defender questões que eu tinha lutado
contra.
Como um exemplo, a estação República. Eu tinha voltado de um
período de três meses no Japão, a serviço do Metrô e em seguida, no dia que eu
cheguei tive que assumir a coordenação do projeto Estação República, que já
estava em andamento e que previa a demolição do Colégio Caetano de Campos, um
colégio que era uma história, uma tradição e a população, através de suas
entidades já havia se levantado, a sociedade toda contra a demolição do Caetano
de Campos. A cidade já estava em polvorosa, quando eu tive que assumir essa
coordenação. Quando tomei conhecimento dos detalhes que me passaram, achei um absurdo
demolir o Caetano de Campos. Existem soluções boas que resolvem e não precisa
demolir. E eu estava voltando do Japão, os japoneses são muito desenvolvidos
nas questões de métodos construtivos, têm problemas de espaço e métodos que
preservam, eles faziam coisas fantásticas, passaram embaixo do Palácio Imperial
sem mexer no Palácio; então existiam soluções boas para o Caetano. “Não, mas
agora a palavra do presidente da Companhia já está empenhada perante a opinião
pública, precisa demolir”. Aí eu disse: “Não, precisa demolir, porque não tem
outra solução”, mas eu era contra; é mais ou menos o que o Tápias está fazendo
hoje, na Companhia do Metrô nós já fazíamos há 25 anos.
Outra historinha... Metrô é um assunto que eu fico tão à
vontade, eu dei muitas palestras, ministrei cursos de Metrô; Metrô é uma
pequena máfia que envolve os Metrôs do mundo inteiro, se correspondem, se
reúnem, então existem congressos, eu fico tão a vontade nisso que eu tenho a
tentação de ficar algumas horas aqui, mas eu vou me policiar, só vou contar uma
historinha mais.
Estação Anhangabaú do Metrô. Isso aí é para quem precisa de
vez em quando fazer um relatório, essa historinha é uma lição para quem precisa
saber o tamanho de um relatório. Qual é o tamanho ideal para um relatório? 10
páginas, 100 páginas ou 1000 páginas?
Bom, a Estação Anhangabaú era polêmica. O projeto inicial de
um grupo alemão, previa a Estação- típico de um projeto europeu, o Metrô de
baixa capacidade-; em 72, com uma alteração do projeto foi eliminada a Anhangabaú,
por um novo conceito, mas o assunto virou polêmica e ficou.
Em 1975 o então prefeito Setúbal, quis retomar os estudos do
Anhangabaú. O Presidente da Companhia, o grande engenheiro Souza Dias,
responsável por todo o projeto de eletrificação do Estado de São Paulo e todas
aquelas grandes usinas, me chamou e disse:
“ Jasel, preciso de um estudo, o prefeito quer saber sobre a
estação. Anhangabaú, se faz ou não se faz? Tem gente que diz que faz, outros
não. Ele quer saber.”
“Tá bom, Presidente,
eu vou fazer um trabalho, assim... e disse para o que eu iria fazer, né?”
Era um trabalho de arquiteto, de urbanista, de especialista
em traçado, especialista em transporte, o Metrô passando um conceito global em
transporte da cidade, enfim, um estudo abrangente, tá bom assim?”, “Tá bom!”
“Dois meses tá bom, Dr. Souza Dias?” Ele disse não! Hoje é segunda-feira, tenho
uma reunião com o prefeito sexta, na sexta eu preciso levar esse trabalho. Ele
me disse: “Jasel, sabe qual é o tamanho ideal de um relatório?” Essa é a lição:
“é o tamanho de uma saia de mulher, tem que ser suficientemente curto para ser
atraente e suficientemente longo para ser decente.”
“Jasel, o prefeito vai ler esse relatório. Baseado nessa
leitura ele vai decidir se existe ou não.” Aí, fiz o relatório, sucinto, com
dez páginas, mas bem abrangente. Eu fiz... quando falo “eu fiz”, desculpem
fizemos, fizemos um trabalho de equipe, mas vocês entenderam.
Então, fizemos um
relatório, dez páginas, pediu-me para esperar, depois que voltou ás 7 horas da
noite me disse: “Jasel, o prefeito leu inteiro o relatório. Então o relatório
estava na medida certa”. Aprovou e mandou fazer, mandou tocar a Estação
Anhangabaú. Aliás, nessa Estação, o que eu tenho orgulho é também o seguinte:
nós fizemos a estimativa de custos, evidentemente num prazo curto, a partir do
zero; o período foi de bem pouco tempo e a Estação foi contratada por um valor
5% abaixo; isto, em engenharia, é considerado “acertar na mosca”, apenas 5% de
diferença de uma estimativa preliminar. Esse é um dos orgulhos que eu tenho,
entre tantos outros, esse trabalho da Estação Anhangabaú. Bom, acho que chega
de Metrô, né? A Companhia do Metrô poderia ir longe, mas vamos em frente.
Eu assumi uma diretoria de engenharia do DAEE, Departamento
de Águas e Energia Elétrica, no governo Montoro, governador Franco Montoro. Eu
aproveito o momento para dar um testemunho sobre Franco Montoro. Ele faleceu,
recentemente, em julho e foi dito muita coisa bonita, muita gente declarou,
etc. E o testemunho que eu quero dar é que tudo o que foi dito é verdade. E
muito mais. Para mim foi um privilégio trabalhar com o governador Franco
Montoro, um dos homens mais decentes, mais corretos que eu conheci na minha
vida. No DAEE, rapidamente também, fizemos muito, foi um trabalho fantástico e
o governador Montoro conseguiu uma obra ímpar no mundo: transformar Cubatão,
que era chamada “a cidade da morte”, pela poluição, numa cidade padrão de
ecologia. Ele despoluiu Cubatão. Isso foi trabalho do governo Franco Montoro.
Bom, lá no DAEE, entre outros tantos trabalhos, chamam a
atenção as duas maiores obras urbanas do Brasil: a canalização do rio
Tamanduateí que eliminou integralmente as famosas enchentes do centro e da
região do mercado; hoje, quando vocês veem enchentes em São Paulo, no noticiário,
aquela região, naquela obra que nós fizemos, no Tamanduateí, não tem mais; elas
continuaram, mas em outras áreas. E no Tietê, fizemos um grande projeto de
acabar com as enchentes e despoluir e que está em andamento; hoje temos
financiamento japonês, muito grande; é demorado, mas também vai resolver o
problema.
Também fui consultor de muitas empresas. Fui conselheiro do
CREA, fui Diretor da Associação dos Engenheiros. Fui consultor de várias
empresas e uma das minhas consultorias foi coordenar uma concorrência na
Nigéria para construção de uma ferrovia. Nós ganhamos a concorrência; este
também é um orgulho que eu tenho no meu currículo. Nós ganhamos a concorrência
porque fizemos uma alteração no projeto que reduziu substancialmente o custo.
É um projeto aí da faixa de uns 700 milhões de dólares, uma
grande ferrovia na Nigéria e graças a uma alteração no projeto que nós
fizemos... Aí depois fomos tentar descobrir porque tinha aquele projeto
anterior, que previa o uso de grandes camisas metálicas para execução de
fundações: havia 50 pontes ou viadutos nesse projeto. Todas as fundações eram
feitas com grandes camisas metálicas, de 1 cm, 1,5 cm de espessura que seriam
fornecidas pelo país da empresa que estava coordenando essa concorrência para a
Nigéria. Então, a Nigéria contratou uma empresa para coordenar essa
concorrência e o fornecedor desse aço seria aquele país ao qual pertencia a
empresa.
Nós demolimos esse “lobby” – defendendo o projeto-, a favor
da Nigéria e ganhamos a concorrência. Bom, por razões políticas, infelizmente a
empresa não levou porque mudou o governo, houve um golpe de Estado e tudo o que
estava lá na Nigéria do governo anterior quebrou, até hoje não fizeram essa
ferrovia.
Uma das lições do Metrô -eu tinha terminado o Metrô, mas tem
uma liçãozinha aqui- foram os estudos de viabilidade. Fizemos vários e
aprendemos que o sucesso de um estudo de viabilidade para um órgão financiador
é saber avaliar:
1- Quem é o órgão financiador e qual a sua característica:
se é um órgão que tem mais visão social, se é um órgão que tem mais visão
monetarista;
2- Uma avaliação muito importante é a tendência da época;
então, na década de 70, um estudo de viabilidade tinha que dar enfoque
especialíssimo para a economia de petróleo; na década de 80, para a preservação
do meio ambiente; 90, para a geração de emprego. Então, em qualquer estudo de
viabilidade precisa dedicar de forma especial qual a tendência da época, qual é
o grande problema. Hoje é preservação ambiental e geração de emprego.
Aí, do DAEE, eu passei para Diretor de Engenharia de uma
Empresa do Governo de Estado, chamada CPOS – Companhia Paulista de Obras e
Serviços, uma empresa fantástica que assumiu todas as obras do Governo do
Estado, à exceção de obras especiais como habitação, usinas e saneamento. Era
uma empresa nova, então eu participei da primeira Diretoria. E isso foi muito
interessante: criar uma empresa é uma experiência especial em termos de
Administração Pública. Como obras que chamam a atenção, lá no CPOS, posso citar
o Memorial da América Latina e o Parlamento Latino-Americano, obras
fantásticas, como o projeto em si, do Niemayer, como Engenharia, mas
principalmente como concepção, como ideia do genial Darcy Ribeiro.
Após a CPOS, passei a Diretor da CDHU, Empresa responsável
pelo Programa de Habitação Popular do Estado de São Paulo. Desde o início do
Programa, em 1949, até 1995, foram construídas 180 mil unidades habitacionais;
nestes 4 anos, mais 120 mil.
(Exclusão 3)
Bem, acho que já falei muito de carreira; quero agora falar
um pouco de mim. Não considero como meu maior sucesso as minhas realizações
profissionais, mas o equilíbrio e harmonia que consegui sabendo dosar a
dedicação ao trabalho, à família e ao lazer. Minhas filhas conhecem do mundo o
que poucas pessoas na idade delas já viajaram.
De tudo o que eu falei, falei tão bonito assim, de mim,
falei até com orgulho de mim, da carreira, dos sucessos, então vocês devem
dizer: “O Jasel está bem, né?” Mas não estou, não! O Jasel não está.
Primeiro porque o núcleo onde eu nasci, as seis pessoas,
meus pais e meus três irmãos faleceram todos. Meus irmãos não se casaram, não
deixaram cunhadas, não deixaram sobrinhos, e isto é uma sensação muito
estranha.
Segundo eu não estou bem também, por que não se pode estar
bem, - eu tenho, apesar da minha carreira ser na área de engenharia, uma
formação básica humanística, uma formação básica religiosa- não posso estar bem
vendo os problemas do nosso país, os problemas do mundo, vendo as dificuldades
dos meus semelhantes, vendo a violência, o desemprego.
Desemprego é um negócio que me machuca. Eu tenho feito a
minha parte; resolvi manter a loja aqui em Rio Grande, o valor da tradição da
loja, o nome, etc., mas também para ajudar a população vendendo – vou fazer um
pouco de publicidade aqui, né? – vendendo camisetas a 1 real. Acho que com isso
eu estou ajudando a população e de duas funcionárias, passei para cinco
funcionárias. Todos conhecem a história do passarinho, do incêndio na floresta:
o passarinho, com uma gotinha d’água, tentava apagar o incêndio e outros
animais diziam: “ô passarinho, estás perdendo teu tempo!” e ele disse; “Não, a
minha parte eu faço.”
Então, eu sou um passarinho tentando apagar o incêndio na
floresta, a minha parte contra o desemprego eu faço. E nos cargos que eu
ocupei, também a minha parte eu fiz. Só que aí com maior força. Eu sempre
procurei privilegiar o que gerasse emprego. Mas, se eu não estou bem, estou
otimista. Engraçado isso, né? Otimista e esperançoso. Porque eu confio no povo
brasileiro e mais do que no povo brasileiro, confio no povo gaúcho, o povo da
minha terra.
Confio muito. Eu tive muitas sortes e uma delas foi nascer em
Rio Grande. Não é demagogia, não sou político, os meus amigos mais íntimos
sabem que eu estou sendo sincero. Eu tenho orgulho de ter nascido em Rio Grande
e um dos pontos fortes daqui é o povo. Que povo fantástico! Alguém perguntou
ali na frente, na-entrada: “Como é, Jasel, tá muito nervoso?” Eu disse não, nem
um pouco, nervoso não, mas mesmo que eu tivesse, só de chegar aqui e encontrar
esse carinho, essa solidariedade, eu já teria deixado de ficar nervoso. Um dos
pontos fortes daqui é o nosso povo. Dificuldades todos passam.
Quando a gente lembra que a Suécia, por exemplo, que é hoje
um padrão de país desenvolvido, nasceu de um dos povos mais violentos, os
Vikings; da Revolução Francesa, uma das mais violentas; e hoje são povos que
estão entre os de melhor padrão de vida no mundo, a gente pensa que faz parte
da história de cada povo um momento difícil. O momento difícil que estamos
vivendo nós vamos superar. Vamos superar graças ao povo. Eu acho que um país só
pode ser digno se conseguir dar uma vida digna para seu povo.
(Exclusão 4)
Agora eu quero concluir.
Quero dar os parabéns à Dra. Claudia Simões, ao Ministro
Ernesto Rubarth e aos seus familiares. Parabéns a esta Casa e aos seus 155
anos. Eu vou guardar com muito carinho esta solidariedade de todos vocês.
Algumas palavras para a Câmara de Comércio. Aí, eu vou fazer
aquilo que os estudantes fazem e que eu fiz também, que é colar. Eu vou fazer
uma cola de um trabalho que eu li, trabalho desta Casa e chega a um ponto que
ele diz, e quero ler de pé:
(Deste
momento até o fim, de pé)
“E o trabalho fecundo e discreto dos homens de boa vontade
que, como presidentes e diretores sempre estiveram norteando os destinos dessa
prestigiosa entidade, cresce, aumenta e se avoluma extraordinariamente quando
tem sido prestado sem a menor parcela de interesse ou visando honrarias
pessoais, mas apenas e simplesmente buscando o engrandecimento material, moral,
cultural e financeiro de nossa terra.”
Concluo dizendo que recebo com muita humildade, porque esta homenagem não é só para mim.
Esta é uma homenagem ao trabalho, à luta, ao sacrifício e à dedicação. Esta é
uma homenagem à engenharia, ao engenheiro que leva bem-estar aos seus
semelhantes quando constrói o teto, que protege; a estrada, que transporta; a
água, que é vida; a usina, que traz conforto, traz riqueza. É uma homenagem ao
administrador público que usa seu
conhecimento e a sua experiência para cuidar com dedicação e com dignidade do
patrimônio que é coletivo. Esta é uma
homenagem aos meus amigos, generosos, leais, solidários, que sempre veem as
minhas qualidades com lentes de aumento e perdoam ou minimizam os meus
defeitos.
Esta é uma homenagem à memória dos meus irmãos, Jean, Jamil
e Camil que deixaram marcas indeléveis nesta terra.
Esta homenagem é para Olga, Cibele, Mariane, esposa, filhas
e principalmente amigas, que comigo comemoram as vitórias e que comigo sabem
que cada derrota é um passo atrás para a tomada de impulso para um passo maior
à frente.
Mas, acima de tudo, esta homenagem é para Chicre Neme e
Anester Neme que, vindos do distante Líbano, construíram nesta terra uma vida e
uma história de trabalho, de dignidade e de amor; e que, lá onde eles estão,
estão com suas almas engrandecidas derramando suas bênçãos sobre todos nós.
Muito obrigado.
ROTEIRO RESUMIDO DAS EXCLUSÕES
Exclusão 1: nascimento em 1942, caçula de 4 irmãos; algumas
características dos irmãos.
Exclusão 2: descrição de estágios feitos a partir do 3º ano
da faculdade, que influíram decisivamente nos rumos adotados na carreira.
Exclusão 3: maior detalhamento e passagens da vida
profissional; algumas estórias interessantes ou pitorescas.
Exclusão 4: citação de outras “sortes”, além da indicada;
mais informações sobre a vida pessoal e familiar; mais detalhes sobre a
situação político-econômica; algumas palavras sobre o Mercosul, suas
perspectivas e dificuldades atuais; citação de frases de Peron(“ O ano 2000
encontrará a América Latina unida ou dominada”) e de Bertrand Russell(“ O
castigo para aqueles que não gostam de política é que serão governados pelos
que gostam de política”); análise geo-sócio-econômica da cidade de Rio Grande,
seu passado, situação atual e perspectivas futuras.
Foram as pessoas que cruzaram meus caminhos, que me proporcionaram momentos e oportunidades de enriquecimento que jamais conseguiria agradece-las numa só vida. Presisaria de muito mais...
Porém, fica aqui o meu mais sincero e puro agradecimento a cada pessoa, do passado, do presente e quem sabe... do futuro.
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